Queremos homenagear a Dra. Desire Coelho fazendo a publicação do lindo texto que ela publicou no Estadão dia 03/08/2024.

A Olimpíada acolhe todos os corpos – que tal fazer o mesmo?

Não existe ‘corpo de atleta’: cada modalidade é única e, com isso, os requisitos para sobressair também são

Já tive a oportunidade de trabalhar com atletas olímpicos de diferentes modalidades, algumas das quais eu conhecia e sabia das demandas enfrentadas. Outras, ao conhecer as diferentes nuances, me marcaram profundamente.

O corpo do atleta é mais do que apenas um corpo, é quase como uma máquina que precisa de reajustes constantes para atender às demandas da modalidade e dos contextos vividos. O corpo não é dele, é da modalidade à qual ele pertence. Cada ajuste, cada mudança, é feita em prol da performance.

RÚGBI. Certa vez, atendi um atleta de rúgbi que estava concorrendo a uma vaga na seleção brasileira. Um homem de cerca de 1,85 metro e 108 kg. Pensei que ele queria emagrecer, mas seu objetivo era ganhar 10 kg para chegar aos 118 kg em dois meses. Fiquei surpresa, pois, apesar de já ter atendido outros atletas daquela modalidade e conhecer as demandas, não esperava tal resposta. Ele me explicou, então, que a posição dele era de “pilar”, que precisava ser forte e grande, pois tinha muitos embates corpo a corpo e, para conseguir brigar pela vaga, tinha de ganhar peso.

VELA. Outra atleta que me marcou foi uma velejadora. Ela queria emagrecer perto de 7 kg para a próxima competição, em algumas semanas, mas não era apenas isso. Depois dessa prova, ela precisava de uma dieta para ganhar peso rapidamente. Intrigada com o efeito sanfona desejado, pedi para me explicar. Ela me disse que, naquela modalidade, o vento era crucial, mas que, obviamente, ela não tinha como controlar isso. A única coisa que ela conseguia controlar de modo significativo era o peso dela para estabilizar a vela.

Sendo assim, se a competição fosse em um local de pouco vento, ela precisaria estar mais leve, para desempenhar melhor. Em um lugar de muito vento, ela deveria estar mais pesada para estabilizar melhor a vela. Naquele ano, haveria uma sequência de provas em que os locais oscilavam muito entre os dois tipos, fazendo com que ela também tivesse de oscilar seu peso.

GINÁSTICA ARTÍSTICA. Esta é uma das mais modalidades mais complicadas quando falamos em corpo atlético. Escutei relatos de atletas que, durante a concentração da seleção, eram pesados várias vezes por dia, com um limite para a oscilação do peso entre as medições. Para atender ao rigor exigido, eles usavam as mais diferentes – e doentias – estratégias. Sabendo que a modalidade trabalha com especialização precoce, em que atletas olímpicos muitas vezes ainda estão no início da adolescência, esse comportamento se mostra ainda mais preocupante, pelo risco de desenvolvimento de transtornos alimentares.

Esses transtornos são doenças psiquiátricas altamente debilitantes, que oferecem uma série de riscos à saúde e, claro, também à performance esportiva. Levantamentos indicam que a ginástica artística possui alta prevalência de atletas com transtornos alimentares, mas essa não é uma exclusividade da modalidade.

Um estudo indicou que a prevalência de transtornos alimentares em atletas pode variar de 6% a 45%, dependendo da modalidade. A prevalência é maior em modalidades que enfatizam a magreza corporal, como ginástica artística, ginástica rítmica, algumas aquáticas e em modalidades com categorias baseadas no peso corporal, como lutas.

Outro dado importante é que o risco é maior em mulheres, com prevalência de até 45% em algumas modalidades, enquanto em homens esse número pode chegar a 19%.

LUZ NO FIM DO TÚNEL. Alguns anos atrás, o governo australiano publicou um posicionamento sobre transtornos alimentares em atletas e focou na importância do diagnóstico precoce e, acima de tudo, na prevenção, ensinando os profissionais da área a identificar comportamentos de risco em atletas e como ajudá-los antes que o quadro se agrave.

Quem já esteve envolvido com o meio esportivo sabe que uma das premissas é que esporte de alto rendimento não é sinônimo de saúde. Como fazer então para auxiliá-los a alcançar o sucesso, pensando não apenas na performance, mas também no humano por trás daquele uniforme?

Nos últimos Jogos Olímpicos, me lembro de comentários críticos a alguns atletas olímpicos que fugiam do padrão corporal que o telespectador esperava. Não é irônico que o atleta, ao atingira excelência para representar seu país e competir com os melhores do mundo, receba críticas por sua aparência vindas de pessoas com uma visão estereotipada – e, por que não dizer, medíocre? Mundo estranho esse!

Considero que a beleza dos Jogos Olímpicos está em presenciar a diversidade de corpos. Não existe o “corpo de atleta”, cada modalidade é única e, com isso, os requisitos para sobressair também são.

Algumas modalidades precisam de mais força nos membros superiores, como os ginastas masculinos. Outras, nos membros inferiores, como ciclistas de velocidade. Alguns atletas precisam ser mais altos, como no basquete; ou mais baixos, como na ginástica artística; ter força de explosão, como corredores de velocidade; e por aí vai.

A beleza está em ver que toda forma corporal encontra seu lugar no esporte, dos mais altos aos mais baixos, dos mais magros aos gordos. O esporte é inclusivo, por que você não pode ser também?

A Olimpíada está aí para nos mostrar que a beleza do corpo humano está na capacidade de realizar coisas incríveis. Nessas semanas, todo dia é dia de superação – principalmente neste país em que o incentivo ao esporte e o efetivo apoio aos atletas continuam insuficientes. E a nós cabe bater palmas e honrar o esforço deles com a nossa admiração e o nosso respeito.

* NUTRICIONISTA E BACHAREL EM ESPORTE, DOUTORA E MESTRE EM CIÊNCIAS PELA USP, ESPECIALISTA EM TRANSTORNOS ALIMENTARES E EM ANÁLISE DO COMPORTAMENTO. É AUTORA DE ‘POR QUE NÃO CONSIGO EMAGRECER?’ E COAUTORA DE ‘A DIETA IDEAL’. INSTAGRAM: @DESIRE.COELHO

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