A saúde sexual é um aspecto importante da qualidade de vida, mas pode ser afetada por condições médicas e tratamentos, como a cirurgia de próstata (prostatectomia radical). Um dos problemas mais comuns após essa cirurgia é a disfunção erétil (DE), que atinge uma ampla faixa de pacientes, variando de 10% a 87%, dependendo de fatores como idade, técnica cirúrgica e condições prévias. Além do impacto físico, a DE pode afetar profundamente o bem-estar emocional, influenciando a autoestima e as relações interpessoais.

Embora existam diversas opções de tratamento para a DE — incluindo medicamentos, dispositivos de ereção e implantes penianos — muitos homens ainda não recebem o suporte necessário. Estudos mostram que até 31% dos pacientes com DE após a cirurgia nunca buscaram tratamento.

A importância da comunicação

Um dos fatores que mais contribuem para o subtratamento da DE é a falta de comunicação clara entre pacientes e urologistas. Muitos homens não se sentem à vontade para abordar o assunto, enquanto alguns médicos podem subestimar o impacto da DE ou a disposição dos pacientes em buscar tratamento. Essa lacuna na comunicação pode fazer com que necessidades importantes fiquem sem resposta, prejudicando ainda mais a qualidade de vida.

Estudos recentes investigaram os desafios que dificultam o acesso ao tratamento, com o objetivo de melhorar a relação médico-paciente e, assim, incentivar o cuidado adequado.

Principais descobertas do estudo

Uma pesquisa realizada com 525 homens na Alemanha revelou dados importantes:

  • Quase metade dos pacientes (46%) nunca tentou nenhum tratamento para DE, mesmo quando tinham interesse em manter sua vida sexual.
  • Idade avançada e menor comunicação foram fatores que reduziram a busca por tratamento.
  • Pacientes que não discutiam a DE com seus médicos ou parceiros eram menos propensos a buscar ajuda. Cerca de 34% dos que não procuraram tratamento nunca mencionaram o problema ao urologista, enquanto 60% daqueles que receberam tratamento conversaram sobre o tema.
  • Percepção do parceiro: 80% dos pacientes que não buscaram tratamento relataram que seus parceiros não demonstravam interesse em sexo, o que influenciou sua decisão.

Além disso, muitos pacientes acreditavam que a DE fazia parte do envelhecimento ou duvidavam da eficácia dos tratamentos. Essa falta de esperança muitas vezes os impedia de buscar ajuda.

Como melhorar o cuidado

A pesquisa deixa claro que o diálogo aberto com o urologista pode transformar o cuidado com a saúde sexual. Ao discutir a DE de forma franca e sem julgamentos, os pacientes aumentam suas chances de receber informações sobre tratamentos e encontrar soluções que atendam às suas necessidades.

Algumas recomendações incluem:

  • Abordagem proativa por parte do médico: Urologistas devem perguntar sobre a saúde sexual dos pacientes e apresentar opções de tratamento disponíveis, mesmo que o paciente não toque no assunto.
  • Parceria no cuidado: O envolvimento do parceiro pode ser fundamental para melhorar o apoio emocional e incentivar o paciente a buscar tratamento.
  • Educação do paciente: Informar sobre as opções terapêuticas ajuda a desmistificar o problema e aumenta a adesão ao tratamento.

Conclusão

A disfunção erétil após a cirurgia de próstata é um problema significativo, mas que pode ser tratado de maneira eficaz com o apoio médico adequado. A comunicação aberta entre pacientes e urologistas desempenha um papel essencial para superar barreiras, promover o acesso ao tratamento e melhorar a qualidade de vida.

Se você passou por uma cirurgia de próstata e está enfrentando dificuldades na vida sexual, procure seu médico. O diálogo é o primeiro passo para o cuidado e para recuperar a sua saúde e bem-estar.

Referência:
Baunacke, M. et al. (2024). A comunicação com o urologista é um fator primário que leva ao tratamento da disfunção erétil pós-prostatectomia. The Journal of Sexual Medicine, 21(10), 904–911. DOI: 10.1093/jsxmed/qdae105


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